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Péssima aplicação dos recursos ofusca alguma evolução nas finanças


Amigos Rubro-Negros,

O Clube de Regatas do Flamengo divulgou as demonstrações financeiras anuais este mês. Os dados divulgados mostram o contínuo crescimento das receitas (ainda que em boa parte motivada por eventos de difícil previsibilidade ou recorrência) e a continuidade da política de saneamento do clube, em especial de desalavancagem. Entretanto, escancaram a péssima aplicação dos recursos, especialmente no futebol.

Eis os principais pontos positivos que podemos destacar:

- Diminuição da dívida bruta em R$ 58 milhões, em especial pela forte diminuição do endividamento com instituições financeiras. Fato a ser celebrado em função do altíssimo custo financeiro das transações efetuadas pelo Flamengo, com juros mensais entre 1.38% e 1.90%.

- Aumento do investimento no futebol, traduzido tanto no maior nível das despesas correntes, quanto nos montantes usados para aquisição de atletas e estrutura. Os investimentos em jogadores (compra de passes ou contratos de imagem) totalizaram mais de R$ 70 milhões em 2017 - um crescimento nominal acima de 60% em relação a 2016. Os investimentos em infraestrutura totalizaram R$ 27 milhões (versus R$ 19 milhões em 2016). Apoiamos a decisão da administração de continuar investindo no CT, melhorando a infraestrutura para os atletas profissionais e da base.

- As receitas do Flamengo continuam em trajetória crescente, em especial as de bilheteria, sócio-torcedor e vendas de direitos de atletas. O volume financeiro referente às vendas de atletas como Jorge e Vinicius Jr. colocaram o Flamengo no rol dos principais clubes formadores do país e abre uma potencial linha de receita anteriormente inexistente no clube (ainda que não tenha previsibilidade e nem possa ser considerada recorrente).

- O investimento do clube na base no montante de R$ 16 milhões, 45% maior em relação a 2016, também deve ser parabenizado. O Flamengo está recuperando seu DNA de time formador e vencedor nas categorias de base (falta repetir esse desempenho no profissional).

- Saída do ato trabalhista depois de anos com penhoras de receita, além da venda do morro da viúva em processo licitatório transparente, também devem ser celebrados.

- Por fim, o Clube continua no caminho correto de diminuição do passivo a descoberto. Ainda que tenhamos uma ressalva dos auditores neste ponto, estamos ano a ano reduzindo consideravelmente prejuízos criados em Administrações irresponsáveis do Flamengo. Na nossa opinião, a virada de fato do PL virá quando estes prejuízos passados sejam, de fato, compensados.

Os pontos positivos merecem o reconhecimento pelos sócios do Flamengo e por toda a Torcida Rubro-Negra. Entretanto, os pontos negativos levantados pelo grupo em 2016 continuam, e pior, ainda com maior gravidade. Esperamos, cobramos e cobraremos melhorias do Mais Querido neste sentido. Seguem os principais pontos de atenção nos números:

- Apesar do volume de investimentos no futebol, o resultado em campo tem sido muito aquém do esperado pela torcida. O clube investiu mais de R$ 70 milhões no ano passado entre contratações e luvas, como já mencionado, mas a maior parte dos jogadores contratados não vem atendendo às expectativas da torcida - inclusive, muitos deles vêm atuando muito pouco e recebendo salários altíssimos. Comemoramos finalmente a (muito tardia) decisão de demitir Rodrigo Caetano, algo defendido e cobrado pelo Grupo FLAFUT desde 2015, e do ajuste na comissão técnica. Entretanto nos parece absolutamente irresponsável manter o atual presidente-candidato, junto com o CEO-candidato, no comando do futebol. Dois personagens sabida e assumidamente desconhecedores do principal esporte do clube. O Flamengo vem aumentando os seus investimentos no futebol, mas visivelmente, em relação à formação do elenco, gasta mal. Precisamos melhorar a eficiência do gasto, mas infelizmente não vemos na equipe atual o preparo necessário para fazer esta mudança de patamar tão urgente.

- Ainda no futebol chama, e MUITO, a atenção os altíssimos gastos com comissões a empresários. Foram gastos mais de R$ 36 milhões nesta rubrica a empresas como Traffic e a vários empresários. Estas comissões são realmente devidas? São razoáveis? Poderíamos montar uma estrutura mais direta de negociações? Sem dúvidas, neste ponto precisamos de muito mais transparência, inclusive com regulação maior das federações e CBF.

- Outro fato que consideramos que precisa ser claramente atacado ou mesmo investigado são as despesas relacionadas a transporte e gastos com jogos e competições. Essas despesas praticamente dobraram em relação a 2016, atingindo incríveis R$ 60 milhões, quando as receitas relacionadas a rendas de jogos cresceu 50% no mesmo período. Para se ter uma ideia, em resultado líquido, o clube - com metade da receita - teve melhor resultado em 2016 que em 2017, com o dobro! O que ocorreu? Por que gastos tão mais altos, inclusive se tivemos a Ilha do Urubu bastante utilizada no ano passado, opção tão alardeada como solução, inclusive pelo Ex VP que gostava de tirar fotos com chapéu de obra e postava no Twitter?

- O contínuo resultado negativo dos Esportes Olímpicos é mais um problema grave da atual gestão. Ainda que a Diretoria argumente que este déficit é circunstancial, a análise dos números mostra o contrário. Os Esportes Olímpicos são deficitários e foram realmente autossuficientes somente em 2014. Isso tem que ser atacado, e a Diretoria tem que ser clara e objetiva com os seus sócios, a sua torcida e seus demais stakeholders. Gostaríamos de ter uma explicação clara e sem artifícios do VP de Esportes Olímpicos e do Presidente do Clube sobre este tema.

- A Chapa Azul, como de costume, não cumpriu outra de suas promessas - a de ser auditado por uma empresa de primeira linha. Acreditamos que não é razoável um Clube com mais de R$ 600 milhões de faturamento anual não ser auditado por uma empresa de ponta, capaz de apontar deficiências, melhorar processos, aumentar a transparência das demonstrações financeiras, e principalmente, possibilitar a redução dos custos financeiros dos empréstimos, ainda extremamente altos. Também não entendemos como o clube pode ter uma nota da auditoria questionando a possibilidade de continuidade do negócio, tendo em vista os números atuais.

- O clube precisa evoluir mais na divulgação de determinadas informações para os seus sócios. A causa do BACEN é grave? Não fica claro pela análise do balanço. Quem considerou a possibilidade de perda como possível? Os adiantamentos feitos com Horizonte e Globo, no valor de R$ 20 milhões, foram feitos em quais circunstâncias? Faz sentido continuar considerando o recebimento do valor do Hernane até hoje? Por que ainda não recebemos?

- Finalmente, ainda que o marketing do clube tenha melhorado, continuamos preocupados com a forte dependência da Caixa e de patrocinadores instáveis, ou mesmo de reputação duvidosa. A Caixa não concede aumentos ao clube no contrato há alguns anos e a Carabao, volta e meia, atrasa pagamentos e não vem cumprindo suas metas ou mesmo o acertado com o clube no início. O sócio-torcedor tem um serviço de atendimento ao consumidor PÉSSIMO e entrega pouco em relação ao que o torcedor investe. Precisamos melhorar, e muito, os produtos Flamengo.

Nós, do FLAFUT, esperamos que 2018 seja um ano de importantes conquistas para o Flamengo. Seguiremos atentos a todos os acontecimentos do Clube, apontando acertos e erros, mas sempre dispostos a colaborar para o fortalecimento e crescimento do Flamengo, nossa grande paixão.

Esperamos que a análise das Demonstrações Financeiras do Mais Querido do Mundo tenha sido útil para a Diretoria, Sócios e Torcedores.

Estamos à disposição de todos para esclarecimentos acerca deste artigo e qualquer colaboração que possamos dar.

Saudações Rubro-Negras,

Grupo FLAFUT

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